A África, Meu Pequeno Chaka



Vovô Dembo é um africano muito alto e muito sábio. Para o pequeno Chaka, ele tem o tamanho do baobá — árvore que alcança 20 metros de altura — e a sabedoria dos marabus — sacerdotes venerados pela religião muçulmana. É vovô Dembo quem conta ao neto Chaka a história da África, da sua África: a infância pobre numa família de catorze irmãos, o pastoreio de cabras, as pescarias no rio barrento, as festas, as comidas, as plantações de amendoim e batata-doce. Com pinceladas sensíveis, um verbo saboroso e poético, vovô Dembo fala dos espíritos que se escondem na selva entre os macacos e os elefantes, conta sobre a chegada da chuva, quando os pingos enormes batem na terra esturricada, e a tempestade é um bálsamo que revigora a vida. Chaka logo percebe que vovô Dembo, com sua imaginação entre o plausível e o mágico, faz um retrato em que se sobrepõem duas histórias, a dele mesmo e a do continente mais antigo e mais pobre do planeta. A África, meu pequeno Chaka... reata com a tradição africana do contador de histórias, figura central de um mundo sem livros e sem escolas e a quem cabe transmitir a saga da família, da aldeia, de seu povo, fundindo a memória pessoal com a coletiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário